14 de abr. de 2013

Feijão Guandú

Tendo nascido na Capital, eu conheci o Feijão Guandu, quando tinha cerca de dez anos de idade. Acontece que, um empregado da casa de meu pai, plantou sementes de Guandu no nosso quintal e passamos a colher e consumir a deliciosa leguminosa. De lá pra cá, nunca mais tinha tido notícias do Guandu. Agora, residindo em Bananeiras, re-encontrei o feijão, que não faz lá muito sucesso entre a população. A má querência em relação ao Guandu se dá, pela forma errada com que as pessoas fazem o cozimento do feijãozinho. O amargor (de que a maioria das pessoas se queixa), se deve ao fato de que o feijão Guandu (assim como a fava), deve ser cozido em água e sal e logo em seguida, a água (que fica amarga), desse cozimento deve ser jogada fora. Na segunda fervura, aí sim, entram os temperos preferidos. O Guandu não deve ser servido com muito caldo e deve ser acompanhado de arroz, costelinhas de porco e farofa. Existem, ainda, inúmeras outras formas de servir o feijão Guandu, como por exemplo em saladas frias ou à moda do feijão Tropeiro.
O feijão Guandu pertence à família das leguminosas, sendo uma das culturas mais antigas no mundo, sendo considerada em quinto lugar na ordem de importância entre as leguminosas no mundo. Segundo alguns autores é originária da África, para outros, seria originária da Índia e teria chegado há milênios à África, onde diversas variedades são cultivadas. Deste modo chegaram na América através do trafico de escravos. Atualmente é cultivado em todas as áreas tropicais, sub-tropicais e temperadas, como a parte norte do estado da Carolina - USA.
O Guandu é uma rica fonte de nutrientes para a alimentação humana. O uso mais comum na Índia e outros países do Oriente, é uma forma de "dhal", que consiste em retirar a pele das sementes secas e parti-las pela metade. Com este processo, as sementes podem ser guardadas por mais tempo, sua digestibilidade melhora, além de ter um perfil de aminoácidos semelhante aos da soja. Em países da America Central, as sementes verdes são usadas substituindo as ervilhas e enlatadas em forma de conserva. No Brasil o guandu é muito pouco utilizado. Em muitas áreas rurais, é considerado alimento de pobre, usado em substituição ao feijão, nos casos de extrema necessidade. É uma pena, pois pela sua riqueza em nutrientes, sua resistência a secas e a possibilidade de produzir várias safras, é uma cultura que deveria ser plantada em todas as propriedades rurais do país.
O preconceito relativo ao Guandú, tem suas origens em equívocos da nossa cultura culinária. O mesmo preconceito, da classe mais abastada, que já considerou a feijoada, a fava e o bacalhau, como comida da "ralé".



Guandu Com Carne de Porco

Existem inúmeras formas de preparar e servir o feijão Guandu. Uma delas, é o Guandu com carne de porco. Confira: debulhar o feijão e levar ao fogo para ferver; Em outra panela ferver a mesma quantidade de água; Quando as duas águas estiverem fervendo escorrer o feijão e juntar a água da outra panela. A primeira água em que o Guandu ferveu ficou amarga e por isso não serve mais. Deixar em fogo brando até cozinhar. O feijão Guandu, fresco, cozinha rapidinho. Quando puser a segunda água pode juntar, também, ½ quilo de carne de porco defumada, a qual, se deve dar uma fervura à parte. Se não quiser juntar a carne de porco, deixar cozinhar sozinho. Momentos antes de servir, quebrar uns ovos dentro. Estes serão tantos quantos forem as pessoas. O feijão Guandu não deve ficar com muito caldo.

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