João Melchíades Ferreira, conhecido em sua época como, o Cantor
da Borborema, nasceu em Bananeiras-PB no dia 07 de setembro de 1869 e faleceu
no dia 10 dezembro de 1933. Sentou praça no exército aos 19 anos de idade, na época
da monarquia, sendo promovido a sargento após a sanguinária Guerra de Canudos,
onde combateu. Em 1897 casou-se com Senhorinha Melchíades, com quem teve quatro
filhos.Afirmam pesquisadores autorizados que o
Pavão Misterioso publicado por João Melchíades era na verdade um "plágio"
ou "recriação" da obra criada por José Camelo de Melo. O que
pouca gente sabe, é que Melchíades nasceu na cidade de
Bananeiras-PB, no dia 7 de setembro de 1869, vindo a
falecer na Capital da Paraíba, no dia 10 de dezembro de 1933.Conta-se que o cantador Romano Elias, saiu da oficina do criador
José Camelo de Melo - um poeta que "cantou, mas não teve sorte" como
ele próprio afirma no final de um romance de sua autoria - levando a história do
Pavão, que terminou indo parar nas mãos de Melchíades. O fato
é que João Melchíades é o autor do primeiro folheto sobre Antônio Conselheiro e
de mais de 20 folhetos, dos quais destacamos os seguintes: COMBATE DE JOSÉ
COLATINO COM CARRANCA DO PIAUÍ, HISTÓRIA DE JUVENAL E LEOPOLDINA, AS QUATRO
ÓRFÃS DE PORTUGAL, ROLDÃO NO LEÃO DE OURO, HISTÓRIA DO VALENTE ZÉ GARCIA, A
GUERRA DE CANUDOS, PELEJA DE JOÃO MELQUÍADES COM JOAQUIM JAQUEIRA, CAZUZA
SÁTIRO, O MATADOR DE ONÇAS e DESAFIO DE JOÃO MELCHÍADES COM CLAUDINO ROSEIRA,
dentre muitos outros. O que se diz, é que Camelo já havia composto a história do Pavão,
mas não a havia publicado, limitando-se apenas a cantá-la em suas
apresentações. Melchíades, de posse de uma cópia do poema e aproveitando-se da
ausência de Camelo, reescreveu o tema e o publicou. Uma versão deste episódio,
atribuída ao poeta Joaquim Batista de Sena, (admirador da obra de Camelo e seu amigo),
dá conta de que na época em que o "Pavão" foi publicado, José Camelo
teve que deixar a Paraíba para refugiar-se no interior do Rio Grande do Norte
devido uma situação complicada. José Camelo de Melo era, além de grande poeta,
um exímio xilógrafo, dado que vem a ser confirmado por Átila de Almeida e José
Alves Sobrinho em seu Dicionário Biobibliográfico dos Repentistas e Poetas de
Bancada. Como tal, teve seu trabalho de xilógrafo requisitado por donos de
alambiques para falsificar selos e burlar a fiscalização da Fazenda paraibana.
A atividade ilícita veio a ser descoberta e José Camelo fugiu de seu estado
natal temendo ser preso. Teria sido justamente nesse período que o cantador
Romano Elias, de posse de uma cópia do poema, o teria apresentado a João
Melchíades que reescreveria o tema e o publicaria em seguida.É inadmissível a afirmativa de que João Melchíades teria simplesmente usurpado
a autoria da obra. No mínimo, ele reescreveu a história do Pavão, fazendo
sensíveis modificações em sua estrutura, o que achamos mais provável, haja
visto um depoimento de Maria de Jesus Silva Diniz, filha de José Bernardo da
Silva, onde a mesma assegura que o Pavão de José Camelo teria 40 páginas,
enquanto a versão de Melchíades, que ela publicava em sua tipografia, tem
apenas 32 páginas, tratando-se evidentemente de uma versão mais resumida. O
poeta Expedito Sebastião da Silva, chefe gráfico da Lira Nordestina, ainda
teria mais um dado a acrescentar. Segundo ele, José Camelo de Melo ficou revoltado
porque o público tinha grande preferência pela versão de Melchíades, o que o
levou a destruir os seus originais. Detalhe, na versão de José Camelo de Melo,
publicada após a de Melchíades, Evangelista, o personagem central da trama,
destrói o Pavão Misterioso a pedido do engenheiro Edmundo, inventor do
aeroplano.Fica, aqui,
a sugestão do editor: a cidade de Bananeiras poderia render homenagem
póstuma ao Pavão Misterioso e ao seu Autor. No mínimo,
seria mais um atrativo cultural, para enriquecer a curiosidade sobre as coisas
da Cidade.
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